Musical: O Fantasma da Ópera
Versões: Claudio Botelho
Que relíquia
Pois, sim
Tudo igual ao que
Ela descreveu
Falava muito sobre ti
Do teu veludo
Estás aqui
Por certo vais sobreviver
À todos nós
Troféu
Dos guerreiros
Dos guerreiros
Que vem de Roma
Para nós
Pão, dança e vinho e canção
Agora celebramos
Saudamos a brava nação
E a salvação cantamos
Trombetas ferozes no ar
Tremei, romanos todos
Ao som do nosso marchar
Pois já vem
Hannibal vem
Triste é voltar e ver a terra mãe
Sob o poder de Roma
E seu terror
Iremos amanhã nos confrontar
Mas hoje, então
Descansem pra
Lutar
Entrai, elefantes, entrai
Bem-vindos nessa terra
Amigos de Hannibal, pisai
Com paixão
Sobre este chão
Aos braços meus mais uma vez
O meu amor retorna
Meus braços nos teus outra vez
Meu coração se entrega
Ao som da manada marchar
Tremei, então, romanos
Nada consegue escapar
Pois já vem
Hannibal vem
Pensa em mim
Bem lá no fundo
Ao dizer adeus
E vem pra mim
De vez em quando
Entre os sonhos teus
Vai passar
O tempo vai passar
Mas eu espero mesmo assim
Que ao parar
Por um momento
Vais pensar em mim
Sim eu sei
Que tudo isso eu sei
Um dia vai chegar ao fim
Mas até o fim eu peço
Pensa um pouco em mim
Pensa em tudo que já floresceu
E esquece o que apagou, morreu
Pensa em mim
No meu silencio
Minha solidão
Não sai de mim
O teu calor
Me queima o coração
Diz pra mim
Que vai pensar em mim
A toda hora, aqui e ali
Pois não vai haver um dia
Que eu não pense em ti
Mas será?
Pode ser Christine?
Brava!
Bem lá atrás
Há tanto tempo atrás
Nós dois tão puros bem ali
Ela pode não lembrar
Mas eu não esqueci
Toda flor
No tempo perde a cor
E nós também somos assim
Mas promete só
Que as vezes
Vais pensar
Em mim
Bravi
Bravi
Bravissimi
Christine
Christine
Christine
Diz-me por que é
Que te escondias
Fostes de um tal brilho
Diz-me qual é
O teu segredo
Quem é o teu mestre?
Meu pai falava de um anjo
E nos meus sonhos eu vi
Hoje ao cantar eu entendo
Que ele está aqui
E ele me chama tão suave
De algum lugar, dentro
Sempre comigo
Eu sei, eu sinto
Sei ele que vem, gênio
Teu rosto eu vi das coxias
Por entre a grande ovação
É tua voz no escuro
E as palavras, não
Anjo da música, és meu guia
Dá-me do teu brilho
(Ele é o anjo, o …)
Anjo da música, és mistério
Onde estarás, anjo?
Sei que estás aqui
(Que frias mãos)
Sempre em volta
(Teu rosto não tem cor)
Assusta-me
(Não te assuste…)
Bravo rapaz
Mas que insolente
Jura que vai longe
Tolo infeliz, atrás da glória
Glória que é só minha
Anjo, é você
Estou te ouvindo
És minha luz, fica
Peço perdão
Minh’alma é fraca
Só tu és meu mestre
Eis que é chegado o momento
De compreenderes quem sou
Olha teu rosto no espelho
Eu ali não estou
Anjo da música
És meu guia
Dá-me tua mão, glória
Anjo, de mim
Não mais te escondas
Vem que aqui estou, anjo
Eu sou teu anjo
Vem encontrar o teu anjo
Por entre os sonhos meus
Sempre a cantar
Aquela voz dos breus
A convidar
Será que o sonho, então
Não tem mais fim?
O Fantasma da Ópera está
Dentro de mim
Cantemos outra vez
Em uma voz
Em meu poder estás
Estreitos nós
Vais olhar pra trás
Mas mesmo ali
O Fantasma da Ópera está
Dentro de ti
Quem viu teu rosto, então
Só fez fugir
Sou tua máscara
Quem vai me ouvir?
Minha alma e minha voz
Num corpo, assim
O Fantasma da Ópera está
Dentro de ti
O Fantasma da Ópera
Surgiu, o Fantasma da Ópera
Em teus delírios, tu
Me viste ali
Mistério e carne estão
Os dois em ti
E a escuridão só faz
Mostrar que sim
O Fantasma da Ópera está
Dentro de ti
Canta para mim
Meu anjo da música!
Em mim
O Fantasma da Ópera
(...)
Eu te trouxe
Para o trono da inspiração
Para o templo onde a música
É musa e deusa
Deusa
Estás aqui
Por um simples propósito
Desde o dia em que ouvi tua voz
Compreendi
Que preciso do som dessa voz
Pela música
Minha música
Cai a noite
Abre o pensamento
Vem no escuro
Forte o sentimento
Todos os sentidos
Entregam-se, rendidos
Calma, doce
Noite vem descendo
Sente, ouve
Como vai crescendo
Vira o rosto em paz
Deixa o sol ficar atrás
Vira as costas
Para a fria luz e então
A música virá da escuridão
E de olhos fechados
Deixa entrar o som
Faz de conta
Que a vida não valeu
Deixa a alma subir
Até o céu
E terás muito além
Do que era teu
Calma, lenta
A canção te invade
Chega, entra
Já não tens vontade
Abre os teus umbrais
E as secretas espirais
Fantasias
Transbordando o coração
Com a música
Que vem da escuridão
Deixa o som te levar
A um mundo novo e teu
Onde nada é igual
Ao que passou
Deixa a alma inventar
Esse jardim
Onde, então
Pertencerás a mim
Leve, solta
Estás embriagada
Toca, sente
Eis a nova estrada
Deixa-te levar
Pela sombra em teu olhar
Ao poder da minha
Cálida canção
Com a música
Que vem da escuridão
Tu serás
A minha inspiração
Música
Que vem
Da escuridão
Eu me lembro do vapor
Gotas finas
Sobre um lago qualquer
Muitas velas ao redor
E um barquinho à navegar
E no barquinho havia alguém
Quem era o ser
Entre as sombras?
Quem sob a mascara está?
Diabos!
Maldita jovem Pandora
Mulher demônio
Eis o que tu queres olhar
Como ousas?
Maldita, sonsa, Dalila!
Pequeno monstro
Já não posso mais te soltar
Diabos!
Como ousas?
Bem pior que os sonhos
Tens coragem de encarar
Ou de pensar em mim
Que nos infernos
Queimando estou
Mas ávido pela luz
E ávido, ávido, mas
Christine
Eis que o medo
Torna-se amor
E hás de ver
Atrás do monstro, enfim
Além da besta
Existe alguém
Que é ávido por beleza
Ávido, ávido
Christine
Diz aqui ‘um mistério atróz’
E diz ‘A soprano perdeu a voz’
Diz que foi grande confusão
Policial diz até
Que é uma enganação
Trauma de soprano, assim
Foi Carlotta, vai Christine
Mas, porém, vendemos bem
O boato é bom também
Sai a diva pela porta
Da janela uma outra vem
Não tem tu, entra tu
Pra não dar chabu
Ópera
Nem Verdi, nem Puccini
O que define
O sucesso é nhé-nhé-nhé
Trágico
Onde vai parar?
Mas é trágico
Mas pra quê gritar?
Isso é ótimo
Para divulgar
Isso é ótimo
Mas quem vai cantar?
Mas olha a fila que formou
E olha só o que chegou
André, que noite deslumbrante
Christine é mesmo a sensação
La Carlotta saiu e ninguém sentiu
Mas, porém
O coro veio entrando
E o balé naquela grande confusão
Amigo, apenas um lembrete
Que o meu salário atrasou
É favor enviar
E sem mais tardar
F.O.
Quero o que me deve
Sem conversa
Quero breve e acabou
Quem diabos manda isso?
Só um cérebro infantil
F.O. assinou
E assim chegou
F.O.
Piada de fantasma
Que mal gosto, é um acinte
É um doente, quer dinheiro
Faroleiro, chantagista
Tá na vista
Que não passa de trapaça
De um demente, um imbecil
E ela?
Mas, quem, Carlotta?
Eu digo Christine, e ela?
Nós não sabemos
E esta nota?
Suponho que partiu de vocês
Não faz sentido
Nós nunca
Não fomos nós
Não sabem dela?
Por certo
Sabemos, não
Mas não briguemos
Esta carta foram vocês?
E o que diz aí
Em bom português?
Francês
‘Não temei por Christine
O Anjo da Música
A tem sob a asa
E nem tentai tocá-la outra vez’
Bem, mas se não foram vocês
Então quem foi?
Ele
Você voltou?
O seu patrono é ele
Mas o que foi?
Veja essa carta
Que é cheia
De ofensas a mim
É tua carta?
Mas nunca
Mas ele não
Tu não mandaste?
Mas nunca
Mas o que foi?
Então sustentas
Que a carta não partira de ti?
E o que é que diz
A carta por mim?
‘Teus dias
Na Ópera popular são poucos
Christine Daaé
Canta em teu lugar à noite
Se tentares impedi-la
A maldição te encontrará
Muita carta pro meu gosto
E todas falam de Christine
Ela aqui, ela lá
Ela o que é que há?
Miss Daaé já voltou
Pois então
Nosso encontro terminou
Mas agora onde ele está?
Achei melhor se recolher
E descansar
Posso vê-la?
Não, monsier
Ela não vê ninguém
Ela vai, vai cantar
E uma carta mais
Deixa vê-la!
Por favor!
(...)
Christine Daeé retornou a vós
E a carreira agora deve ascender
Nessa nova opera; Il Muto
Vamos ter vossa Carlotta no garoto
Mas a Condessa só Christine vai fazer
Condessa é o papel
Que exige mais graça e paixão
Enquanto o garoto é mudo
Pois eis o elenco ideal
Pois não
(...)
Christine
Christine
O povo pede
Pedimos nós
Mas não preferem
Vossa gata tão ingênua?
Senhora, não
Pra nós, só tu
Prima Donna
Percebe a multidão
Aos pés de ti, em frenezí
Que te implora
Por um olhar
Uma vênia qualquer
Eis que o povo, então, te adora
Prima Donna
Encanta uma outra vez
No quarteirão
As filas vão só crescendo
Todos no afã
Da paixão de escutar
A Prima Donna cantar
(Christine fala de um anjo)
Prima Donna
Retorna ao teu lugar
Ao pedestal
Aos pés do qual
Te idolatram
Ouve o clamor
Do teu povo a pedir
Loucos como cães
Que ladram
Prima Donna
Eterna emoção
E no final
Fenomenal teu aplauso
Todos de pé
Prá melhor desfrutar
A Prima Donna a cantar
(É preciso)
Parar este insano
Com patrocinador
Artista e o patrão
Arderam de paixão
Mas ele vai negar
E ela vai chorar
Parece um dramalhão
Com tanta enrolação
Porém se alguém cantar
Em língua de além mar
É o tipo da ideia
Que atria plateia
Eis então a ópera
Eis então a ópera
A ópera
Prima Donna
O mundo aos vossos pés
Toda nação
De coração
Vos aguarda
Luz sobre o palco
Que a voz vai brilhar
A Prima Donna canta
Canta!
Pois eis que milady
Tem alguém no coração
Porém se o patrão sonhar
Vai ser difícil controlar
Será preciso ter juízo
Mal-di-ção
O fogo eterno do inferno
Mal-di-ção
Mas quem há de ser?
Nobre esposa
Aqui é teu marido
Meu bem
Devo estar ausente
Por um tempo ou mais
E com a nova criada estarás
Suspeito
Que a sonsa não é fiel
Não vou partir
Mas irei me esconder
E observar
Adio
Serafimo
É só representar
És mudo, sim
Mas podes
Em segredo beijar
Ah, tolo, faz-me rir
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha-Ha
Tudo que eu desejo
Eu sei, vou conseguir
Ah, tolo, que não ve
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha-Ha
Mas se ele soubesse
O que há de acontecer?
(...)
Serafimo
É só representar
És mudo sim
Mas podes em segredo
Cantar
Ah, como faz-me rir
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha
Ah-Ha-Ha-Ha-Ha-Ha
Porque vieste aqui?
Eu lá não volto
Melhor voltar
Ele vai
Atrás de mim, eu sei
(Christine, eu peço)
Aquele olhar
(Não pensa nisso)
Que queima sem perdão
Não vai poupar
(Foi só um sonho, meu bem)
O Fantasma da Ópera, eu sei
(Fantasma não existe)
Vai matar
(Eu juro)
Não há fantasma da Ópera
Mas quem é este, então?
(Mas quem é este, então?)
Que quer matar?
(Que adora matar)
E eu já não sei fugir
(A voz que entrou em ti)
Não sei voltar
(Pra nunca mais)
Um labirinto só
Que não tem fim
O Fantasma da Ópera está
Dentro de ti (mim)
Não há Fantasma da Ópera
Eu sei, eu vi
Vi seu mundo na escuridão
Vi um mundo onde o dia
Desmancha-se em trevas
Trevas
Eu sei, eu vi
E não vou esquecer jamais
Já não posso escapar desse rosto
Disforme e sem cor
Como um rosto sem rosto na treva
Treva
Mas a voz me invadiu
E a alma encheu de som
E era um som
Como nunca eu conheci
E eu subi
Como um anjo sobe ao céu
E ouvi mais que a vida já me deu
Era só
Mais um sonho, um sonho teu
E em seu olhar
Que tristeza sem igual
Num só olhar
Todo doce, todo sal
Christine
Christine
Já não há mais trevas
Não mais há escuridão
Eu vim, eis meu braço
Repousa o teu cansaço
Deixa eu ser teu dia
Teu pranto arrefecer
Eu vim, eis-me a teu lado
Teu guarda e teu criado
Diz pra mim
Que o teu amor é certo
Abre em mim
As portas do verão
Diz que eu sou
O teu maior encanto
Que me quer
Pra sempre, sempre aqui
Preciso ouvir de ti
Deixa eu ser teu teto
Deixa eu ser a luz
Eu vim, não há perigo
Agora estás comigo
Eu só quero o dia
No fim da escuridão
E tu, sempre ao meu lado
Meu norte, meu passado
E diz pra mim
Que nada mais importa
Diz que quer a vida
Ao lado meu
Diz que a solidão
Já foi embora
Onde quer que vás
Estou ali
Christine
Preciso ouvir de ti
Diz pra mim
Que nada mais importa
Diz que o teu caminho
Agora é meu
Vem comigo
Atrás de um novo dia
Onde eu for
Estou ali
Amor
Preciso ouvir de ti
Onde quer que vás
Estou ali
Amor
Preciso ouvir de ti
Devo ir
Estão atrás de mim
Espere por mim
Christine
Te amo
Junte os teus cavalos
E espere no portão
Então, logo contigo
Meu guarda, meu amigo
Eu te dei a música
Eu te dei o som
E então
Como pagaste?
Traiste, me enganaste
Ele só te ama
Pois te ouviu cantar
Diz pra mim
Que nada mais importa
Diz que o teu caminho
Agora é meu
Vem comigo
Atrás de um novo dia
Vai pagar
Bem caro quem traiu
O que o Fantasma só pediu
André, que festa encantadora
Prelúdio para um ano bom
Eu amei, eu babei
Eu até chorei
Bom pra nós
A nata da cidade
Que maldade
Que o Fantasma não entrou
Carnaval
Mascarado festival
Carnaval
Sob o véu
Cada qual
É sempre outro
Carnaval
Tantas faces no plural
Carnaval
Todo certo
É igual a todo torto
Cada um, cada qual
Outro mais, outro igual
Verde aqui, lá marrom
Coração, eis um clown
Rostos
Um por um
Vão entrar
No alegre vagão
No insano carrossel
Cobra e cão
Frade e frei
Todos vão
Colibri, jacaré
Rouxinol, chimpanzé
Rostos
Bebe um, bebem dois
Cai no chão, cai do trem
Perde a mão
Mas tudo atrás do véu
Carnaval
Quanta carne em procissão
Carnaval
Bebe mais
Deixa entrar
O show é lindo
Carnaval
E os olhares, quantos são?
Carnaval
Olha bem
Tem alguém ali sorrindo
Carnaval
Entre as sombras, quem será?
Carnaval
Cada um sabe bem
A quem engana
Carnaval
Toda farsa valerá
Carnaval
Mas no fim
Tem alguém te atazana
Noite assim
Multidão
Bem feliz
Que emoção
Todo crem de la crem
Vem pra ver
E o nosso medo já passou
(Seis meses)
Mas que paz
Que prazer
A mais calma estação
O peito se acalmou
Sem bilhetes
Sem fantasma
(Tudo bem)
Só brindar
Ano bom que já vem
Novo lustre também
Seis meses
Já passou
Mas que noite feliz
Que grande carnaval
Pensa em nós
Noivado secreto
Olha bem pra mim
E pensa em nós
Porque é um segredo?
Por que fazer assim?
Você jurou
(Você jurou)
Vão todos perceber
Pois que percebam
Não é crime
O nosso amor
Diz pra mim
Do que tens medo
Não briguemos
(Não briguemos)
Eu prometo
(Eu espero)
Hás de
(Que hei de)
Compreender, amor
Carnaval
Mascarado festival
Carnaval
Sob o véu
Cada qual
É sempre outro
Carnaval
Quantas faces no plural
Carnaval
Todo certo
É igual a todo torto
Carnaval
Quanta carne em procissão
Carnaval
Bebe mais, deixa entrar
O show é lindo
Carnaval
E os olhares quanto são?
Carnaval
Olha bem
Tem alguém ali sorrindo
Que silêncio sepulcral
Vós pensastes
Que eu sumi de uma vez?
Que saudades, afinal
Eu vos trouxe uma ópera
Eis aqui o que escrevi
Don Juan Triunfante
Eu sugiro obedecer
Minhas ordens não trair
Há coisas bem piores
Do que um lustre a se partir
E tu, sempre tu
Cantarás para mim
Péssimo
Você leu isto?
Mas é péssimo
Nunca vi pior
É ridículo
De um mal gosto atróz
Que ridículo
Mas quem somos nós?
E se outro lustre espatifar?
Isso acaba de chegar
“André, repare os meus arranjos
Requerem uma tuba a mais
E o rapaz do trombone
Assassina o som
Péssimo
Demitam este surdo
É um absurdo
Tantas notas infernais”
“Firmin, a minha obra exige
No coro alguma afinação
Demitir, vamos lá
Pois assim não dá
Péssimo
O coro é um problema
Tenham pena
Mas a cena é pra cantar”
Crime
Mas o que foi?
Mas essa série é um crime
Senhora, não
Mas essa agora
O tamanho do meu papel
Senhora, ouça
Insulto
Você também?
Mas veja bem
É um insulto
Mas, por favor
Senhor, senhora
As coisas que se faz pela arte
Se é que esse entulho é arte
Eis nossa florizinha
Christine é nossa nova estrelazinha
Não há papel melhor que o seu
Em Don Juan
Christine Daaé?
Mas ela não tem voz
Senhora, não
Devo achar que concordais?
Truque dela
Mas que escolha temos nós?
Tudo é truque dela, Christine Daaé
Mas como?
Eu bem que sei
Mulher demônio
Mas como?
Que tola eu fui
Mas como ousa?
Pois eu não quero nenhum papel
Miss Daaé, é claro
Porque não?
Mas como assim?
Eu não entendo
Porque não?
Amarelou
Mas é um contrato
Não posso mais cantar o papel
Christine, Christine
Ninguém pode obrigar-te
Bom monsieur
Chegou mais um
“Saudações a todos vós
Muita atenção
Até o ensaio começar
Carlotta, saiba que atuar
É ser mais que mariposa
Atrás de luz
Don Juan, emagrecer
Essa idade, esse peso
Meu Jesus
Produtores, por favor
Vosso encargo é só pagar
E não pensar
Quanto à miss Christine Daaé
Não há nenhum senão
Pois sua voz
É puro encanto
Embora a perfeição
Só virá se entender
E seu caminho a trouxer a mim
Seu mestre
Seu mestre
Vosso amigo, criado
E anjo”
Eu não vou fazer!
Nós, que cegos nós
E a resposta aqui no nosso nariz
Eis a nossa vez
De acabar com esse vilão
Pois fale
Então
Sim, como ele quer
Jogar seu jogo
E chegar a um final feliz
Pois se Christine cantar
Ele assistirá, então
Tranquem portas
Com seus umbrais
Entrem guardas
Com seus punhais
Prontos para atacar
O pano cai
Na maldição
Loucos
Será que sim?
Mas pode ser
Estão loucos
Quem sabe não?
Monsieur, pois creia
Não há como
Essa coisa mudar
Retorne a dança
Pois, diga
Monsieur, não posso
Ajude a todos e diga
Quisera eu
Não dê desculpas
Ou é ele
Quem pretende ajudar?
Ele é cupincha
Monsieur, eu juro
Que não quero o mal
Mas, monsieur
Cuidado com o poder fatal
(Pois eis agora o seu final)
Sim, é truque dela, Christine
Só pode ser
Christine Daaé
(Ele está perdido)
Se esse plano vinga assim
(Eis meu ódio)
O tal anjo tem seu fim
(...)
Tenho medo
Eu não consigo
Eu te peço
Eu não quero
Entrar nesse jogo, eu não
Pois ele virá
E me leva pra sempre
Pra nunca voltar
Era sonho e agora é penar
Se ele vem esse mal não tem fim
E a voz aqui dentro
A cantar e a cantar
A voz aqui dentro
A cantar e a cantar
Ela é louca!
Tu sabes bem
Só um homem ele é
E ainda assim
Vai voltar e atormentar
Entre as emoções
Que rumos escolher?
Que chances tenho eu
Na luta pra viver?
Trair a quem me deu
A inspiração da voz?
Ser um brinquedo seu
Ou ser o seu algóz?
Matando sem pensar
Não poupa mais ninguém
Não posso recusar
Mas como ir além?
Ó, Deus, se eu concordar
Que horror vou enfrentar
Na ópera do Fantasma?
Por entre os sonhos meus
Sempre a cantar
Aquela voz dos breus
A convidar
Linda Lotte
Que pensava em tudo e nada
Seu pai lhe prometeu
Que enviaria o anjo da música
Seu pai lhe prometeu
Seu pai lhe prometeu
Foi você
O companheiro
Nada mais eu tinha
Mais que o pai
E mais que um amigo
E eis-me então sozinha
Quem me dera vê-lo outra vez
Quem me dera vê-lo aqui
Basta eu sonhar
E acreditar
Que é você ali
Quem me dera ouvir a sua voz
Mas eu sei que nunca mais
Os sonhos meus
Não trazem dos breus
Seus olhos sem igual
Tantos anjos
Tantos sinos
Frio monumento
Pra você
Que foi somente
Puro sentimento
O que eu chorei?
Quando eu lutei?
A dor não passa mais
Quem me dera vê-lo outra vez
Mas agora é só adeus
Me dê a mão
E o seu perdão
Que me ilumina os breus
Não mais lágrimas
Não mais solidão
Não mais culpa
Me ensine essa lição
Que é dizer adeus
Que é dizer adeus
Pobre criança
Assim, perdida
Clama por seu mestre
Anjo ou pai?
Ou só fantasma?
Quem é você, quem é?
(Já esqueceste o teu anjo?)
Anjo, me diz
Porque sussurras
Frases sem fim, anjo
Longos invernos passaste
Sem meu calor e paixão
Meu pensamento me afasta
Resistes
Mas tua (minha) alma não
Anjo, de ti (mim)
Eu (tu) só fugia (fugias)
Longe do que é belo
Anjo, serás (serei)
O meu (teu) caminho
(Não mais te afastes)
Estranho meu (teu) anjo
Tu vieste
Com a ânsia e os desejos teus
À procura de um fogo
Esquecido fogo
Fogo
Eu te trouxe
Para perto dos sonhos teus
E os teus sonhos serão
Como os sonhos meus
Já não há como escapar
Aos chamados meus
Pois somos tu e eu
Quiseste assim teu destino
Destino
Já não há retorno mais
Não há mais volta
E os jogos de fingir
Não valem mais
Já não há nenhum talvez
Não mais perguntas
As dúvidas ficaram para trás
Qual fogo as almas vão queimar?
E quantas portas não se abrir?
Que doce encanto nos
Espera?
Já não há retorno mais
Não mais saídas
Segredos nos esperam
Nos umbrais
Depois que não
Voltarmos mais
Me trouxeste
Onde as frases não valem mais
E as palavras derretem
Silêncio no fogo
Fogo
Aqui estou eu
Sem saber o que aqui me traz
Em meus sonhos eu vi e previ
Os dois corpos unidos
E mudos, inquietos
E agora eis-me, então, aqui
Eu quis assim meu destino
Destino
Já não há retorno mais
Nenhum desvio
Um laço da paixão
Já deu seu nó
Já não mais bem ou mal
Mas eu pergunto
Quando é que juntos
Vamos ser um só?
Quando é que o
Sangue há de correr?
E o que dormia há de ascender?
E a chama, enfim, em nós
Ardendo
Já não há retorno mais
Não há mais portas
Atravessamos todos os umbrais
E já não há retorno mais
Diz pra mim
Que nada mais importa
Diz que quer
A vida ao lado meu
Diz que a solidão
Já foi embora
Onde quer que vás
Estou ali
Christine
Preciso ouvir de…
Outra vez ao covil
Da minha solidão
Outra vez a prisão
Que existe em mim
Ao inferno da treva mais cruel
Mas porque lugar assim
É o lugar que me acolheu?
Só por ter a face assim
Este rosto abominável
Que sou eu
Perseguiu-me cada qual
Vendo ódio em cada um
Nenhum doce, apenas sal
De cuidado só jejum
Christine
Christine
O assassino não pode escapar
O assassino não pode escapar
A besta fera há que se encontrar
Quem sempre atormentou
E perseguiu
O Fantasma da Ópera está
No seu covil
Aqui, o Fantasma da Ópera
Aqui, o Fantasma da Ópera
Teu desejo de sangue
Afinal, tu irás saciar
E a carne eu serei
No teu paladar
O mesmo destino
Que em meu sangue me ungiu
Da carne afastou-me
Qualquer sensação
O rosto é o veneno
Que insulta esse amor
O rosto meu
Que minha mãe negara
O rosto mau
Que a máscara repara
Piedade, não
Olha o teu destino, então
Para sempre essa
Visão aos olhos teus
Teu rosto já
Não me assusta
Nem me dói
Teu coração
É que guarda todo o horror
Espere!
Eu acho que
Tem mais alguém
Ah, mas que prazer
Mas que honra sem igual
Eu bem que quis
Vos receber
Pois bem
Agora sim
Essa noite é especial
Chega
Por Deus, eu peço
Já chega
Tu não tens pena?
Teu noivo
Faz o show da paixão
Raoul, é inútil!
Eu peço
Por compaixão
É que eu peço
Pois eu a amo!
Do mundo
Eu não vi compaixão!
Christine, Christine
Quero vê-la
À vontade
Monsieur, eu afianço
Mal a ela eu não faria
Ela não vai pagar
Se os pecados são teus
Chama teus cavalos já
Levanta a mão
Para perto do olhar
Nada te salva mais
Exceto só Christine
Vem viver só pra mim
Salva assim o teu amor
Recusa e ele vai
Para a morte como um cão
Eis a questão
Eis que não há retorno mais
Chorei por ti
Por compaixão e dó
Mas eis, que agora é ódio e só
Christine, perdoa
Me perdoa
Adeus, meu falso
Amigo impostor
Tarde pra voltar
(Esperanças já não há)
Não há perdão
(Nem nada)
Não há mais chance já
Não há saídas mais
Não mais batalhas
De qualquer jeito
Tu só vais perder
Então comigo vais ficar
Ou ele então há de morrer?
Mas tu preferes as mentiras?
Já não há retorno mais
(Anjo da música, eu)
Não há mais portas
(Te peço)
A vida dele é o preço que pagais
(Por que sofrer?)
Lutei pra ver-te livre
Pois já não há retorno mais
(Anjo da música)
Me enganaste
Eu te segui cega
Tu, criatura das trevas
Da vida só viste o nó
Que Deus me ajude a mostrar-te
Não estás mais só
(...)
Carnaval
Mascarado festival
Carnaval
Sob o céu cada qual
É sempre outro
Christine, te amo
Diz pra mim
Que nada mais importa
Diz que o teu
Caminho agora é meu
Vem comigo
(Eu te amo)
Atrás de um novo dia
Só você foi minha inspiração
A música
Calou na escuridão