Musical: O Homem De La Mancha
Versões: Miguel Falabella
Ouçam bem a história que vou lhes contar
De um mundo injusto e cruel
Um senhor cavaleiro de nobre ideal
Empunha sua lança no ar
Eu sou eu, Dom Quixote
Senhor de La Mancha
E o meu destino é lutar
Pois quem não se aventura
Com fé e ternura
O mundo não pode mudar
Não pode o mundo mudar
Quem não se aventurar
Sou Sancho! Sim, sou Sancho!
E hei de servi-lo sempre assim
Eu juro que me orgulho
Escudeiro até o fim
Infiéis, imorais e serpentes do mal
É chegada a hora da lei
Pois o dia raiou com esperança afinal
No mundo que eu sempre sonhei
(...)
Não pode o mundo mudar
Quem não se aventurar
Vou com você de qualquer jeito
E tanto faz, é sempre mau
Vou sem perdão e sem respeito
É tudo igual! É tudo igual!
Essa lição aprendi cedo
Um homem nunca é especial
Sei disfarçar o nojo e o medo
É tudo igual! É tudo igual!
Então não vem falar de amor
Não sei sonhar, acreditar
Vem se afogar na minha dor
Mas seu prazer vai lhe custar
Vou com você de qualquer jeito
E tanto faz, é sempre mau
Vou sem perdão e sem respeito
É tudo igual! É tudo igual!
Homens demais eu conheci
Jurei amor e devoção
Homens iguais fingir amar
E sepultei meu coração
Pois tenho horror ao seu desejo
E um só beijo me faz mal
A minha vida é um despejo
E eu sei de cor! De cor!
(...)
Vou com você de qualquer jeito
É tudo igual! É tudo igual!
Eu sonhei com você
E embora não lhe conhecesse eu me apaixonei
E o meu coração
Aprendeu a canção de amor que eu nunca cantei
Dulcinéia! Dulcinéia!
Vejo o céu em seu olhar, ó Dulcinéia
E seu nome acende estrelas pela noite
Dulcinéia! Dulcinéia!
E se eu me aproximar
Não se assuste se acaso brotar uma flor de emoção
E um anjo dirá
Que outro anjo fugiu para a terra e roubou-me a razão
Dulcinéia! Dulcinéia!
Esperei por tanto tempo, Dulcinéia
Para o mundo conhecer a sua glória
Dulcinéia! Dulcinéia!
(...)
Dulcinéia! Dulcinéia!
Vejo o céu em seu olhar, ó Dulcinéia
E seu nome acende estrelas pela noite
Dulcinéia! Dulcinéia!
Dulcinéia! Dulcinéia!
Esperei por tanto tempo, Dulcinéia
Para o mundo conhecer a sua glória
Dulcinéia! Dulcinéia!
É tanta preocupação
É tanta preocupação
Já nem consigo mais dormir
De tanta preocupação
Eu sou boa, sou leal
E não falo assim por mal
Estou nervosa de tanta preocupação
Ele agora é cavaleiro, anda à caça de uma dragão
Se meu noivo sabe disso, está armada a confusão
Gosto muito do meu tio, mas já sei o que fazer
Vou trancá-lo numa cela e a chave eu vou perder
Mas mesmo assim
Pobre de mim
Vão falar mal e não sei me defender
É tanta preocupação
(As coisas vão tão mal)
É tanta preocupação
(Espera-se um final)
Estou nervosa de tanta preocupação
(Bem, bem melhor)
É tanta preocupação
É tanta preocupação
Já não consigo mais dormir
De tanta preocupação
Eu sou boa, sou leal
E não falo assim por mal
Estou nervosa de tanta preocupação
Ele vive tão sozinho, nunca teve uma mulher
Come feito um passarinho, mas sem garfo e nem colher
Resolveu que quer casar-se e anda em busca do amor
Deus me livre se ele acha que sou eu a sua flor
Se ele tentar
Me abusar
Minha virtude ele não vai me roubar
É tanta preocupação
(As coisas vão tão mal)
É tanta preocupação
(Espera-se um final)
Estou nervosa de tanta preocupação
(Bem, bem melhor)
É tanta preocupação
É tanta preocupação
Sagrada é a confissão
De tanta preocupação
Se a família se entregar
Onde isso vai parar?
Estou nervoso de tanta preocupação
Eu gosto
Eu gosto dele
Se me arrancam a unha do dedão, eu gosto
E não tem
Motivo ou razão
Ao lado dele a vida é confusão, mas gosto
E não há o que fazer
Gosto dele até morrer
Podem até me prender
Vou gritar pra valer
Eu gosto sim!
(...)
Eu gosto
Eu gosto dele
Se me espancarem como um boi ladrão, eu gosto
Já nem sei
Quem sou, o que faço
Mas sei que gosto de ficar assim ao lado
Se me arrancam o nariz
Não me deixam infeliz
Se me dão bofetão
Ou um bom pontapé
Podem até me prender
Mas eu grito com fé
Eu gosto sim!
Por que ele faz o que ele faz?
Porque ele faz assim?
Por que viver com tamanha ilusão?
Sonhos de glória, ferrugem, latão
Se não há flores naquele jardim
O que ele quer de mim?
O que ele quer de mim?
Por que ele diz o que ele diz?
Por que ele diz assim?
Ó Dulcinéia, a missiva chegou
Doce é a fímbria que o homem beijou
A minha vida é suja e ruim
O que ele quer de mim?
O que ele quer de mim?
E eu sei bem
Todos zombam de seu ideal
E se vai ser triste também
Seu final
Por que ele quer o que ele quer?
Por que ele quer assim?
Lutas, bravatas, num sonho irreal
Tão generoso num mundo tão mau
Por que ele vê coisas que eu nunca vi?
O que ele quer de mim?
O que ele quer de mim?
Passarinho cantor
Lá nas portas do céu
Onde anda o amor?
Que um dia foi meu
Passarinho cantor
Canta só pra mim
Diz a ela que eu vou até o fim
Diz a ela que eu vou até o fim
Passarinho cantou
Eu lembro bem
Que ela me beijou
E foi ali
Me apaixonei
Mas Deus não quis
E ela se foi
Faz tanto tempo que agora eu já nem sei
Passarinho cantor
Tenha pena de mim
Diz a ela que eu vou
Esperar no jardim
Se ela não vem mais
Quero saber
Passarinho cantor
Posso morrer
Passarinho cantor
Pra que viver?
Passarinho cantou
Sou barbeiro por escolha
Meu ofício sei de cor
Com navalhas e tesouras
Todo pelo é bem melhor
Mesmo a barba escanhoada
Cedo ou tarde vai crescer
Deus proteja os barbeiros
E o dinheiro de vocês
Meu serviço não é caro
Custa menos de um vintém
Se eu lhe corto, eu lhe curo
Pois eu sou doutor também
Há uma Dulcinéia
Pra cada um de nós
Pois todo amor quer ter seu par
E anda aflito a procurar
Um rosto ou uma voz
Há uma Dulcinéia
Que espera por você
E é capaz de erguer no ar
Algum castelo pra sonhar
E não se arrepender
Mas se você é um sonhador
Não tem os pés no chão
Cuidado, pois o seu amor
Não passa de ilusão
Mas não há Dulcinéia
Apenas o querer
E o pulsar do coração
Que nos aponta a direção
Que devemos seguir
Há tantas Dulcinéias
Alguém há de lhe sorrir
Sonhar mais um sonho impossível
Vencer o inimigo cruel
Clamar com a voz da Justiça
Manter da balança o fiel
Saber conceder o perdão
Amar e exibir seu troféu
Voar com as asas cortadas
Chegar às estrelas do céu
Minha missão
É correr atrás
Dos sonhos desfeitos
Que não voltam mais
Viver na ilusão
De um mundo melhor
E disposto a sacrificar-se
Com fé e amor
E eu sei, quando enfim eu me for
Já cumprida a missão
Vai calar-se sereno e fiel
Esse meu coração
E o mundo então vai saber
Que um homem cumpriu seu papel
Lutou com bravura e coragem
Chegou às estrelas do céu
Minha missão
É correr atrás
Dos sonhos desfeitos
Que não voltam mais
Viver na ilusão
De um mundo melhor
E disposto a sacrificar-se
Com fé e amor
E eu sei, quando enfim eu me for
Já cumprida a missão
Vai calar-se sereno e fiel
Esse meu coração
E o mundo então vai saber
Que um homem cumpriu seu papel
Lutou com bravura e coragem
E chegou às estrelas do céu
Já sois nobre cavaleiro enfim
Um nobre cavaleiro enfim
E seja onde for
Vão vos saudar
Mas que grande senhor
Tem a fé e o valor dos imortais
Sois fundamental
O ator principal
Na luta do bem contra o mal
Mas querem saber?
Eu não quero nem ver
Pois já adivinho o final
Já sois nobre cavaleiro enfim
Um nobre cavaleiro enfim
E seja onde for
Vão vos saudar
Mas que grande senhor
Tem a fé e o valor dos imortais
Que triste figura
O rei da loucura
Coberto de glória ele vai
Ao vê-lo passar
Todos hão de gritar
Segura senão ele cai!
Já sois nobre cavaleiro enfim
Um nobre cavaleiro enfim
E seja onde for
Vão vos saudar
Mas que grande senhor
Tem a fé e o valor dos imortais
Fui deixada ao nascer
Minha mãe não olhou para trás
Quase morta e já fraca demais
E ela apostava que eu morreria
Se fosse esperta e capaz
E meu pai, que desgraça
A escória da raça
Um homem sem força
Sem luz e sem fé
Vinha a noite roubar os meus sonhos
Com ele que me fiz mulher
Sendo assim me tornei
Tudo aquilo que era pra ser
A rameira vulgar
Pra quem pode pagar-me o prazer
Uma dama é pura e cheia de amor
São virtudes que eu não tenho
E nunca vou ter
Fui desde menina a bola da vez
Para mim todo homem é freguês
Você olha e não me vê
Por que você não vê?
Sou tudo aquilo que falam de mim
Sou solta na vida, largada e ferida
Essa história começa do fim
Se você acha mesmo
Que pode me surpreender
É melhor me pagar
Pois o dia já pensa em nascer
Se existe um céu
Pra que serve o céu?
Se alguém como eu nunca vai lá chegar
É muita maldade mostrar-me um sonho
Que eu nunca vou alcançar
Se me tiram a raiva
O que vai sobrar para mim?
Só desespero e profundo terror
Prefiro pancada, pois não me ensinaram
A retribuir o amor
Essa historia acabou
Pois a tal Dulcinéia morreu
Olha aqui, olha enfim
Eis Aldonza a puta! Sou eu!
Conversa à toa, conversa mole
Um blá blá blá ajuda a esquecer
Vou lhe contar por tudo que passei
Se ele não escuta, mal não vai fazer
Quando eu cheguei em casa, minha esposa
Acertou-me com a panela na cabeça
Ela achou que eu tava morto
Vestiu preto, enviuvou
E agora de um defunto engravidou
(...)
Conversa à toa, conversa mole
Um blá blá blá para nos distrair
Vou lhes contar por tudo que passei
E se já não me escutam, não faz mal mentir
Meu senhor tenho saudade da aventura
Da loucura de criar um mundo seu
Outro dia um feiticeiro
Um dragão e um guerreiro
Perguntaram-me porque você sumiu
Sonhar mais um sonho impossível
Vencer o inimigo cruel
Clamar com a voz da Justiça
Manter da balança o fiel
Saber conceder o perdão
Amar e exibir seu troféu
Voar com as asas cortadas
Chegar às estrelas do céu
E o mundo então vai saber
Que um homem cumpriu seu papel
Lutou com bravura e coragem
E chegou às estrelas do céu