Com direção de Zé Henrique de Paula, direção musical de Fernanda Maia, coreografias de Gabriel Malo e tradução de texto de Herbert Bianchi e Zé Henrique de Paula, o musical ‘Senhor das Moscas’ estreia dia 4 de Maio no Teatro do SESI, em São Paulo, permanecendo em cartaz até 3 de Dezembro. A temporada é gratuita e os ingressos devem ser reservados com antecedência através do site sesisp.org.br/meu-sesi
O elenco é composto por Arthur Berges, Bruno Fagundes, Davi Tápias, Felipe Hintze, Felipe Ramos, Gabriel Neumann, Ghilherme Lobo, Lucas Romano, Paulo Ocanha Jr., Pier Marchi, Rodrigo Caetano, Rodrigo Vellozo, Thalles Cabral e os stand-ins Gabriel Malo, João Paulo Oliveira e Luiz Rodrigues.
Na história, crianças inglesas de um colégio interno ficam presas em uma ilha deserta, sem a supervisão de adultos, após a queda do avião que as transportava para longe da guerra. Os meninos se vêm sob duas lideranças naturais: Jack está sempre preocupado em caçar e matar os porcos selvagens que existem na ilha, organizando sua equipe de caçadores; enquanto Ralph ocupa-se em deixar uma fogueira sempre acesa, para que possam ser um dia salvos. Ralph deseja voltar para a civilização, enquanto Jack cada vez mais rompe seus laços com ela.
A situação se torna mais complexa quando aparece um “bicho” para aterrorizá-los. Então as crianças escolhem um símbolo sobrenatural: uma cabeça de porco espetada numa estaca, que eles batizaram como Senhor das Moscas e para quem pedem proteção contra os perigos da ilha.
Sobre a escolha do texto, o diretor Zé Henrique de Paula comenta: “O Senhor das Moscas” é um clássico da literatura inglesa – escrito em 1954, em plena Guerra Fria. O romance se tornou um dos mais importantes do século XX e deu a William Golding um Prêmio Nobel de Literatura. Mas o que existe nele que ainda possa nos interessar e, mais ainda, provocar interesse no jovem de hoje em dia?
Felizmente, a obra sobreviveu ao tempo e está mais atual do que nunca. Em tempos de grande agitação política, de ídolos instantâneos e de fluidez de identidade (especialmente entre os adolescentes), as aventuras dos meninos e seus dilemas éticos, morais e afetivos parecem ter sido escritos para o Brasil do século XXI. Como numa saga shakespeariana em que há drama, comédia, luta, morte, natureza, aventura e religião – tudo junto numa só história – queremos dar combustível à peça através de uma de suas principais características: a velocidade e a ferocidade dos acontecimentos.
Há muito esse binômio ritmo acelerado/violência tem frequentado o cinema, as graphic novels, o videoclipe. No teatro, o fenômeno é sazonal: visitou os palcos na era elisabetana e reapareceu pontualmente em alguns momentos do século XX. Pois é esse binômio que queremos explorar, acreditando ser a matéria prima que trará à tona os grandes eixos temáticos da obra de Golding – a essência verdadeiramente bestial do ser humano; a luta pela civilização; a formação dos partidos (em sentido mais amplo, não o meramente político); o sentido de amizade, lealdade e a criação dos vínculos afetivos; a natureza do misticismo, a necessidade dos deuses e da epifania espiritual na vida dos homens.