Musical: O Mágico Di Ó
Letras Originais: Vitor Rocha
Músicas: Marco França, Diego Rodda, Elton Towersey, Lui Vizotto, Luiza Porto, Renata Versolato, Thiago Sak e Vitor Rocha
Eu vou contar uma história
Que eu não sei como começa
Eu vou contar uma história
Que eu não sei qual é o fim
- Até onde batem as asas desse pau-de-arara?
- Até ali pelas bordas de São Paulo
- Maravilha! E leva muito tempo?
- Tempo é o que ele menos leva, minha senhora
- E tem espaço pra mais três?
- Tem
- Vamo simbora, Dorotéia! Vamo simbora
- Eu num vô! Eu já disse que eu não quero ir!
- Mámenina, já tivemo essa conversa, num é? Vamo simbora, Dorotéia!
- Não!
- Vê se cresce, Dorotéia!
- Ande logo, minha filha, escute seu tio. Pegue suas coisas e vamo simbora, venha.
- Tia, por que a gente tem que ir?
Eu vou contar uma história
Que eu não sei se lhe interessa
Mas essa é nossa história
E eu vou contar mesmo assim
Eu vou contar uma história
Que eu não sei como começa
Eu vou contar uma história
Que eu não sei qual é o fim
Eu vou contar uma história
Que eu não sei se interessa
Mas essa é nossa história
E eu vou contar mesmo assim
A cada adeus que se dizia
A cada nó que se franzia
E como só nunca se ia
Juntou-se o pó e se criou a poesia
A cada adeus que se dizia
A cada nó que se franzia
E como só nunca se ia
Juntou-se o pó e se criou a poesia
Eu vou contar uma história
Que eu não sei como começa
Eu vou contar uma história
Que eu não sei qual é o fim
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
Tem que ser tão!
Eu vou contar uma história
Que eu não sei como começa
Eu vou contar uma história
Que eu não sei qual é o fim
Eu vou buscar na memória
E vou rimando sem pressa
Pois quando eu falo do mundo
Revelo o que há em mim
- Oxe, mas você nem sabe a história que vai contar?
- Eu sei a história que vou contar, o que eu não sei é a história que você vai ouvir
Uma história boa de se contar
É conto que a gente não conta só
É de braço dado, de laço e nó
Que a linha da vida fica maior
Conto com você pra me ajudar
Sorte nessa vida é compartilhar
É aí que mora, ai, ai, ai...
O borogodó
- Eu? Como que eu vou ajudar a contar a história?
- É sobre isso mesmo que fala essa lenda. A história do Mágico Di Ó!
- Mágico? Tenha dó!
- Como é?
- Isso não existe não…
- Sabe que falando assim, tu fica até meio parecida com a protagonista?
- Fico, é?
- Sim! O jeito, o cabelo, o sorriso. Até os pulmão lembram um pouquinho
- Oxe
- E eu sei que lá no fundo ela sonha com alguma coisa muito especial
Todo mundo, no fundo, sempre traz consigo
Um sonho, uma vontade de querer ser
Quem disser que não é que tá mentindo
Ou então precisando parar pra ver
- Preste atenção, Dorotéia, é preciso fechar os olhos pra ver direito, ou melhor, pra ver como quiser ver…
- Ô, fulerage, agora ele vai dizer que essa história se passa num reino encantado…
- Exatamente!
- É o que?
- Um terra cheia de magia, berço da arte e tanta história bonita… Um reino chamado Nordeste brasileiro!
- Aqui?
- Um reino encantado, porém enfeitiçado por um maldição
- Que maldição?
- Uma maldição que levou toda a água dessa terra embora e fez ali ser um lugar tão sofrido, ser tão amargo e ser tão triste, que lhe deram o nome de ser-tão
Eu vou lhe pedir pra não enxugar
O choro que talvez venha por aí
O que o nosso cenário mais carece
É de alguém que o regue pra florir
E pra viver aqui
Tem que ser tão firme
Tem que ser tão forte
Onde sonhar é crime
E esperar é morte
Tem que ser tão duro
(Firme)
Tem que ser tão bravo
(Forte)
Onde não tem futuro
O povo nasce escravo
- No sertão é assim: é um ser-tão sem fim
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
- E o povo que vivia ali foi se enganando, se acomodando e se encostando. Óia só que ironia: até mesmo a sede por felicidade foi-se embora, o povo foi-se embora. E a esperança ficou lá fora no portão batendo palma, pedindo pra entrar. Mas só que ninguém mais vê razão pra acreditar, nem mesmo a protagonista
- Mas tu disse que ela sonhava com alguma coisa muito especial
- E sonha!
- Com o quê?
- Me diga você que parece ser tão parecida com ela
- Eu não sei
- Ah, que pena! Então parece que a nossa história termina aqui...
Eu vou contar uma história
Que eu não sei como começa
Eu vou contar uma história
Que eu não sei qual é o fim
Eu vou contar uma história
Que eu não sei se interessa
Mas essa é minha história
E eu vou contar mesmo assim
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
- Então eu vou lhe dar uma história de verdade, mas não se esqueça: a realidade é uma coisa muito relativa
No sertão é assim
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
- Voar pra gente é impossível e mamão com açúcar pra patativa
É um ser tão sem fim
Tem que ser tão!
- Se você quer mesmo um chuvão, só ele pode lhe dar
- E onde é que fica o incrível e poderoso Mágico Di Ó?
Fica bem longe, bem depois da ideia torta
Onde se guarda os arrepio e o que sobra da loucura
Atrás das brenha, logo depois das bimboca
É melhor caçar teu rumo e ir deixando de frescura
- Oxente, a gente demora tanto assim a chegar?
- A gente!
Esse caminho só se enfrenta é sozinho
Não posso te acompanhar
Mas te ofereço um sapatinho
É sapatinho
É sapatinho
É sapatinho...
- PARA!
Segue com fé
Nunca o tire do pé
Ele vai te proteger
Enquanto andar no tijolinho
- Tijolinho?
- É o tijolinho, satanás!
- Sim, Dorotéia, basta seguir a estrada de tijolinho amarelos e você encontrará o incrível e poderoso Mágico Di Ó!
Mas fica esperta, abre teu olho e não dá brecha
Que o sertão assim sozinho pode até se aumentar
E de repente, tu te vê toda embolada
Tão pequena e indefesa
Ninguém pode lhe salvar
- Eu não sei se essa é o melhor caminho, talvez a gente…
E não duvide, lembre sempre do que eu disse
Mas também não se esqueça do que aquela ali falou
Sou eu
Tome teu rumo, pegue a estrada
Mas divida a caminhada
Com qualquer um cuja vida se desbotou
- Você vai trilhar sozinha esse caminho, Dorotéia, mas eu vou te acompanhar sempre
- E eu também
Toda história tem dois lados
Toda glória, um "apesar"
Na sucedência de seus atos
Nós vamos sempre lembrar
Vou te mostrar as coisas ruins
Te lembrar dificuldade
Dizer onde o sapato aperta
- Pra quê tanta maldade?
Eu vou mostrar o lado bom
De cada coisa que vier
Mas cê não pode duvidar
Não pode perder a fé
- Hahahah fé…
- Como é?
- Eu vou sempre lhe lembrar dos bons motivo e essa só vai servir pra lhe dizer asneira
- Oxe, trago verdades apenas
- Lembre-se sempre, o medo e o sonho querem da gente a mesma coisa, mas cada um vem buscar à sua maneira
E quem vence essa batalha
Quem decide é você
Se ela vai voar de rodo
Ou se o mal vai prevalecer
- Bom, Totó, lá vamos nós
Eu vou seguindo então meu tijolinho
Querendo ver onde é que isso vai dar
Vai chover muito, vai chover bonito
Que a asa branca vai ter que nadar
Eu vou seguindo então meu tijolinho
Querendo ver onde é que isso vai dar
Vai chover muito, vai chover bonito
Que a asa branca vai ter que nadar
- Eita, macho véio, tu é lesa, hein, menina? Já falei umas três vezes!
- Não, fulerage, é que isso explica tudo
- Eu não tô entendendo é nada
- Exatamente!
É daí que brota tanta ignorância
Já entendi as faltas de educação
E essas mania de gostar de violência
Agora tudo apresenta explicação
Você tem palha na cabeça
E o que diz nem é por mal
Só quem tem palha na cabeça
Pode achar isso legal
- Como é?
- Eu já me liguei, seu Mamulengo, mas se despreocupe, que a culpa não é sua, pois...
Quem não estuda, quem não lê
Quem não procura
Quem não corre atrás de se informar
É obrigado a acreditar no que lhe contam
E um cabra assim é um cabra fácil de enganar
- Você só acreditou no que lhe contaram. Não é bicho ruim, só é ignorante!
- Escute aqui, menina
Eu tenho palha na cabeça
E esse pode ser o meu defeito
Eu tenho palha na cabeça
Mas isso não lhe deixa no direito
De achar que sabe mais, que sabe tudo
E que atrás de tanta palha, só existe um bobalhão
Tu me respeita e vai deixando de bestagem
Senão eu sou obrigado a lhe dar uma liç...
- Sh! Eu já tenho a solução
- Hein?
- Preste atenção, seu Mamulengo: meu nome é Dorotéia. Eu estou indo de encontro ao incrível e poderoso Mágico Di Ó, pedir que ele me ajude a trazer a chuva de volta pra cá. Assim ninguém vai precisar ir embora e eu finalmente vou poder ver um arco-íris cruzando esse céu inteirinho. Por que você não vem comigo também?
- Eu? Por quê?
- Oxente, se o cabra é capaz de me ajudar com uma coisa gigante, do tamanho do céu, ele pode te ajudar com uma coisa mindinha como um cérebro nessa tua cachola
- Oxente!
Nunca mais palha na cabeça
A sua própria opinião você vai ter
Nada de palha na cabeça
A melhor coisa desse mundo é conhecer
- Viu?
- Não, não, não! Parou, parou, chega! Não! Não! E eu lá preciso de cérebro? De Mágico? Eu tô bem como eu tô, eu não preciso de ajuda
Como é difícil essa tua arrogância
Essa mania de achar que é o melhor
É tanta asneira que tu fala que me cansa
Bem que eles dizem...
- Dizem o quê?
Que um cabra assim acaba só!
- Passar bem, seu Mamulengo
- Bem, pra que lado fica esse tal O Mágico Di Ó?
É só seguir então o tijolinho
Que a gente vê onde é que isso vai dar
A estrada é grande pra quem tá sozinho
Com você junto, ela há de se encurtar
É só seguir então o tijolinho
Que a gente vê onde é que isso vai dar
A estrada é grande pra quem tá sozinho
Com você junto, ela há de se encurtar
- Como é que você se enferrujou se a água todinha foi-se embora?
- Foi de tanto chorar
- Chorar? Chorar por que, home?
- Por ver tanta desgraça e não poder fazer nada
- Como é que alguém chora tanto assim?
Comé que não chora, menina
Diante da história que eu vou lhe contar?
Já peço licença e desculpa
Por tanta feiura que eu vou relembrar, viu?
Já faz tempo, mas um dia o povo
Já foi bem feliz aqui nesse sertão
E os cabinhas corriam e brincavam
Pra cima e pra baixo ao som do baião
Mas então a água foi-se embora
E deixou um rastro de dor pelo chão
Comé que não chora, menina
Vendo as criancinha tudo emagrecer, hein?
Comé que não chora, menina
Assistindo os bicho de sede morrer?
As árvores ressecando
O solo inteiro rachando
O povo se bandeando
Eu espiando e chorando
Lata não tem tumtum, não
Lata não tem tumtum ,não
Pois se a gente não chora pra fora
Menina, por dentro vai se enferrujar
Mas a coisa aqui foi tão séria
Que não deu pra nada eu chorar um mar, ai
- A última a ir-se embora, foi uma mulher com seu filho nas mãos, tão triste, mirrado, sem vida. E ela disse uma coisa que eu não esqueço não
Nesse mundo, é milhó ser de lata
No peito um buraco, pra que coração?
Comé que eu não ia chorar?
Comé que eu não ia chorar?
- É verdade! Tá certo, eu vou com vocês!
- Pé na estrada!
É só seguindo o nosso tijolinho
Que a gente chega onde quiser chegar
Morreram as flores, só ficou espinho
Mas o tal Mágico pode ajudar
É só seguindo o nosso tijolinho
Que a gente chega onde quiser chegar
Morreram as flores, só ficou espinho
Mas o tal Mágico pode ajudar
- Ah, você diz isso porque é jovem, bonita, humana. Vocês não sabem como sofre um bicho nesse mundo, minha gente!
Ora, ora, seu Leão
Deixe um pouco de reclamar
Cada um faz seu caminho
Não é justo comparar
Cada um vai ter a vista
Da montanha que subir
Mas uma coisa eu lhe garanto
Não vais ver nada daqui
Se a gente vive esperando
Mas não sabe o que esperar
Se só fala reclamando
E não faz nada pra mudar
Vai aos poucos se encostando
E nem percebe cochilar
E esse mundo sem parede
Gira e vem nos derrubar
Eu agradeço os conselhos
Quanta consideração
Mas o meu caso não tem jeito
Mas valeu a intenção!
A vida aperta, esfria, esquenta e afrouxa
É coragem que ela quer
A vida aperta, esfria, esquenta e afrouxa
É coragem que ela quer
Sou um bicho de visão
Olhe bem pra perceber
Estou a frente do meu tempo
E vou lhes falar porquê
É pensando no futuro
Que me ponho a relaxar
Assim vou me adiantando
Pro que ainda vou cansar
Um Leão desse tamanho
Que só quer dizer "miau"?
Que vergonha,
Seu bichano, para o reino animal
O rei perde a majestade
Sobra só cara-de-pau
Saiba que o tempo ruge
Essa vida não é mingau
- Ah, sou eu de novo!
Sabe que até me animo
Ouvindo umas coisa dessa?
Mas se o futuro é a morte
Eu não sei por que a pressa
A vida aperta, esfria, esquenta e afrouxa
É coragem que ela quer
A vida aperta, esfria, esquenta e afrouxa
É coragem que ela quer
- Vai, Leão!
A vida aperta, esfria, esquenta e afrouxa
É coragem que ela quer
A vida aperta, esfria, esquenta e afrouxa
É coragem que ela quer
- Se eu disser que não vou, vocês vão cantar de novo?
- Vamos!
- Então eu vou
- Pé na estrada!
Eu vou seguindo então meu tijolinho...
- Gente, pera! será que a gente pode ir um pouquinho mais devagar?
- Pode
Eu vou seguindo então meu tijolinho
Querendo ver onde é que isso vai dar
Eu sou de lata, eu sou de palha e linho
E eu é que sei onde é o meu lugar
- Mas como a gente vai saber que já chegou?
- Eu não sei, mas de alguma forma a gente vai saber
- Tá, mas como é que vai ser?
Se tudo sêsse do jeito que eu queria
Se esse Mágico realmente puder me dar
Um arco-íris que cruzasse o céu inteiro
E tanta poça... eita! Eu nem posso imaginar
Eu já escuto os trovão e relampejo
Seguido das risadas de quem foi, voltá
E esse sertão que é só poeira, langanhento
Até nos zóio água ia transbordá
Se molhasse, se lavasse
Se meu Deus furasse o ventre desse céu
E pingasse tanta vida
Até guarda-chuva ia virar chapéu
- Bem, já que a cabinha já disse que usará do seu pedido para satisfazer a população, eu vou me dar ao luxo de ser um tiquinho mais egoísta, visse?
- Como é?
- Eu usarei do meu coração para fins um pouco menos necessários
Depois de tudo, se tudo der mesmo certo
Eu vou correndo a tanajura balançar
Chorar agora só em caso de taboca
Só vou querer, só vou pensar em namorar
- Todo mundo merece um amor!
Se pulsasse, se batesse
Aqui no meu peito um compasso só
Se eu pudesse, se eu amasse
Juntaria as juntas com xodó
- Ai, gente, mas vocês são realmente muito empolgado! Olha, eu não tenho coragem nem de dizer o que faria se eu tivesse a dita cuja
- Ah, não, pode desembuchar, seu Leão!
- Deixe de ser tabaréu, rapaz
- Oxente, eu realmente não sei
- Ande, macho!
Se a coragem sonhada me fosse dada
Só vejo um jeito que seria governar
Assim a fera continua pendurada
E todos acham que está a trabalhar
- Que feiúra, seu Leão, escute...
Se eu pensasse, se eu tivesse
Miolos pra lhe dar uma lição
Saberia com que rima
E eu terminaria esse refrão...
- Um chuvão!
- Coração!
- Um colchão! É... quer dizer, determinação, oba!
- E eu, o maior mamulengo da região!
Se eu ganhasse, se me dessem
Tudo aquilo que sonho tanto ter
Tinha tudo e mais um tanto
Pois agora junto já tem você
Já tem você
Já tem você
Já tem você
- Vocês vão precisar acreditar!
Alumia e clareia
E aponte o caminho
Quem o sonho acompanha
Nunca fica sozinho
Alumia e clareia
Essa noite escura
Quem a fé tem por perto
Nunca teme as lonjura
- Dorotéia, a fé quando somada, multiplica, subtrai os obstáculos e divide a recompensa
- O que é isso?
- São pirilampos, eles vão ajudar você a encontrar o caminho!
Alumia e clareia
E aponte o caminho
Quem o sonho acompanha
Nunca fica sozinho
Alumia e clareia
Essa noite escura
Quem a fé tem por perto
Nunca teme as lonjura
Alumia e clareia
E aponte o caminho
Quem o sonho acompanha
Nunca fica sozinho
Alumia e clareia
Essa noite escura
Quem a fé tem por perto
Nunca teme as lonjura
Tá pra nascer caboclo mais faceiro
De capacidade mais transformadora
Que a ilusão não ilusória
E com o poder da oratória
Ai ai! Ai ai!
Se o momento é feliz
Na garganta dá nó
O cabra fala bonito
E todo mundo diz: Ó!
E deixa a gente bocó
E todo mundo diz: Ó!
Ó, Ó! Ó, Ó!
Se a missão é conquista
É caçar um xodó
Ele rima no ouvido
E a menina diz: Ó!
E termina em forró
E todo mundo diz: Ó!
Ó, Ó! Ó, Ó!
Se alguma situação
Amarga que nem jiló
Ele diz a lição
E todo mundo diz: Ó!
E a gente chora um toró
E todo mundo diz: Ó!
Ó, Ó! Ó, Ó!
Faz verso pra toda gente
Desde os cabinha até a vovó
Pra todas as ocasiões
Desde velório a quiprocó
O seu estilo é misturado
Pós-moderno ao Rococó
Sobra tanto verso bom
Que pode até montar brechó
E antes que me acabe as rima
Eu vou dizer de uma vez só
O nome dessa criatura
Num redondilho menor
- Seu Osvaldo? Que é isso? Você é o Mágico?
Di Ó, Ó, Ó, Ó, Ó!
- É, cabinha, no fim é mesmo como dizia o poeta, num é? Tudo vale a pena se a alma não é... Se a alma não é frouxa!
Bote um reparo diferente
Ai, vê como quiser
Mas não basta ver sem crer
E não vale ser sem fé
Percebe o botão, se espetar a mão
Vai se retorcendo
Pois o jeito é crer que dá pra ser
E ir crescendo
Pois o jeito é crer que dá pra ser
E ir crescendo
É preciso ver que a maior riqueza
É feita do que não tem valor
Que o amor da gente é Fortaleza
E o conhecimento é Salvador
Entender o tempo de cada coisa
O tempo da gente não se avexar
Pois ninguém cultiva nem colhe nada
No seu terreno sem Se Arar
Pois a esperança que há num cabra
É a coragem dançando à toa
E ela só não seca se debaixo dos seus olhos
Sempre Há Lagoas
- A gente é filho da mistura. Não tem sotaque, não tem tempero. Só orgulho, respeito e muita admiração por cada nordestino arretado que deixou o seu lar pra contornar e construir o Brasil nas asas de um caminhão
Ao Patativa
Suassuna
Raquel de Queiroz
Luiz Gonzaga
Graciliano Ramos
Antônio Nóbrega
Câmara Cascudo
Jorge Amado
- E tantos outros, com licença e muito obrigado por nos mostrar que cada um consigo e com o outro tem sua parte. Que não existe solo tão pobre que não possa brotar arte. Lembrar que a seca pode ser fonte. Bom, essa foi a nossa versão da história. Quem não gostou que conte outra… Mas conte!
Bote um reparo diferente
Ai, vê como quiser
Mas não basta ver ser crer
E não vale ser sem fé
Percebe o botão, se espetar a mão
Vai se retorcendo
Pois o jeito é crer que dá pra ser
E ir crescendo
Pois o jeito é crer que dá pra ser
E ir crescendo
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
Eu vou contar uma história
Que eu não sei como começa
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
Eu vou contar uma história
Que eu não sei qual é o fim
Eu vejo o que há em mim
Nesse ser tão sem fim
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão...
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser tão
Tem que ser... Tão!