A tríade “O poeta, a canção e o tempo” conduz um musical que abraça uma carreira de sucesso. Sem pretensões biográficas, uma grande homenagem a um dos maiores ícones da música brasileira é feita através de sua própria obra, ora falada, ora cantada por oito atores músicos multi-instrumentistas. “Gilberto Gil, Aquele Abraço – O Musical” lança um olhar contemporâneo às canções do artista, que refletem sobre seu tempo, a história da música nacional e do próprio país.
Ao longo do espetáculo, as letras tantos anos cantadas por Gil mostram, além de poesia, seu lado teatral. São elas que dão o tom dramatúrgico de blocos temáticos que passeiam pela sua origem musical, o movimento tropicalista, a negritude, amor, religiosidade, tecnologia, futurismo, entre outros assuntos que marcam as composições deste ícone da MPB. Em todos eles, “vida e morte” estão inseridas como dupla central e indispensável, tal qual Gil fez em toda sua trajetória.
Ao todo, 55 músicas são cantadas total ou parcialmente pelos atores/músicos, que tocam 39 diferentes tipos de instrumentos em cena. São eles: Alan Rocha, Cristiano Gualda, Daniel Carneiro, Gabriel Manita, Jonas Hammar, Luiz Nicolau, Pedro Lima e Rodrigo Lima. Projeções em vídeo trazem o lado multimídia para o palco, ajudando a ambientar os momentos retratados.
Na direção, o premiado Gustavo Gasparani – que leu todas as letras e ouviu todos os discos de Gilberto Gil antes de finalmente conceber esta homenagem – cuidou de trazer para o espetáculo o lugar de risco e ousadia presente na carreira do compositor, sem deixar de lado a delicadeza que sempre o acompanhou. O resultado é uma montanha russa de emoções que podem ser sentidas pelo público durante toda a apresentação, em um musical único e imperdível.